Prolapsos Urogenitais

Define-se como prolapso genital o deslocamento das vísceras pélvicas no sentido do canal vaginal. Ocorre devido ao desequilíbrio entre as forças encarregadas de manter os órgãos pélvicos em sua posição normal e aquelas que tendem a expulsá-los para fora da pelve.

O prolapso genital é extremamente frequente, afetando um terço das mulheres e aproximadamente 60% delas com mais de 60 anos. A perda de suporte vaginal ou uterino é verificada entre 43%-76% das pacientes em consultas ginecológicas de rotina. 

A causa do prolapso é multifatorial, variando de paciente para paciente. O número de gestações, parto vaginal, envelhecimento e aumento do índice massa corpórea são os fatores de risco mais consistentes. Contudo, o parto vaginal ainda é o fator mais frequentemente associado com prolapso. O trabalho de parto pode causar disfunções do assoalho pélvico como resultado de lesão nervosa, lesão muscular e ruptura direta dos tecidos. Cesarianas parecem proteger o desenvolvimento de prolapso pélvico, enquanto partos utilizando fórceps aumenta o risco. O papel da episiotomia na causa ou prevenção da disfunção de órgãos pélvicos ainda é controverso.

O prolapso genital é uma desordem exclusivamente feminina, podendo afetar a parede vaginal anterior, o útero e o ápice da vagina (Prolapso Apical) e a parede posterior, podendo ocorrer combinações entre eles.

O suporte anatômico das vísceras pélvicas é provido principalmente pelo músculo elevador do ânus e ligamentos do tecido conjuntivo (fáscia endopélvica). Ruptura ou disfunção de ambos ou um desses componentes pode levar a perda de suporte e eventualmente ao prolapso de órgãos pélvicos.

Sintomas

Mulheres que desenvolvem prolapso podem  apresentar  sintomas isolados como sensação ou visualização do abaulamento vaginal,  pressão pélvica ou  várias queixas, incluindo sintomas urinários, intestinais e sexuais. 

Tratamento

O tratamento pode ser cirúrgico ou conservador.

As técnicas cirúrgicas reconstrutivas visam preservar a função sexual, intestinal e urinária. Devido ao alto índice de recidiva e restrição no uso de telas para reconstituir a anatomia pélvica aumenta-se a procura pelos tratamentos conservadores e preventivos.

O tratamento conservador ou não cirúrgico  consiste em medidas para diminuir os fatores de risco,  reposição de estrogênio via vaginal, Fisioterapia pélvica e uso de pessário.

A Fisioterapia pélvica atua de forma preventiva e engloba o treinamento da musculatura perineal, para aumentar a força e o suporte pélvico. Vários recursos podem ser utilizados na recuperação destes músculos (eletroestimulação, biofeedback, exercícios pélvicos).

O treinamento dos músculos pélvicos associados as  mudanças nos hábitos de vida como  perda de peso, correções posturais, tratamento da constipação intestinal (orientação com nutricionista), também são fundamentais no sucesso do tratamento.

Outra opção de tratamento é a indicação do uso de pessário. Considerado   tratamento de primeira linha (primeira opção) e muito  utilizado em países europeus e Estados Unidos. 

O pessário é um dispositivo removível, fabricado em silicone , resistente, macio, antialérgico, lavável e esterilizável. Quando inserido no interior da vagina propicia suporte para estruturas pélvicas.  Geralmente é utilizado em pacientes sintomáticas que recusam a cirurgia ou que apresentam condições clínicas desfavoráveis para realização da cirurgia, ou que precisam de alívio temporário do prolapso.

Existem vários modelos e tamanhos diferentes  de pessários de acordo com a indicação para a qual a paciente está sendo tratada. A prescrição do modelo e tamanho é feita pelo profissional após avaliação pélvica.

Após colocação a paciente deve ser  orientada em relação a higienização do pessário e acompanhada periodicamente  para verificar possíveis alterações da parede vaginal e se a eficácia encontrada no início de sua utilização se mantêm.