Dor Pélvica Crônica (DPC)

Dor pélvica crônica (DPC) é uma dor localizada na região do abdômen inferior que pode estender-se por toda a pelve e que persista por três meses ou mais. É uma queixa constante na prática ginecológica e geralmente está relacionada a processos patológicos crônicos. Os sintomas podem ser contínuos ou intermitentes, relacionados ou não a relação sexual e a menstruação. Cerca de 15 a 20% das mulheres sexualmente ativas podem referir sintomas de dor pélvica. Dados norte-americanos estimam que a DPC seja responsável por aproximadamente 40% das laparoscopias, além de 10 a 15% das histerectomias, representando, assim, um problema de saúde pública.

A DPC é uma doença de difícil entendimento, pois envolve múltiplos fatores, a começar pelas inúmeras vísceras pélvicas, que se encontram muito próximas uma das outras, fazendo com que a identificação correta da origem da dor seja difícil. Frequentemente as pacientes referem-na como uma dor “aqui embaixo” ou dor no “pé da barriga”. Devido à dificuldade de diagnosticar a causa destes sintomas a mulher persiste com dor por vários anos. As causas podem ser de origem Ginecológica (Endometriose, Cistos ovarianos, Aderências pélvicas após intervenções cirúrgicas, Miomas uterinos, Varizes pélvicas), Gastrointestinal (Síndrome cólon irritável, Constipação intestinal, Diverticulite), Urinária (Cistite intersticial, Uretrite Crônica) e Músculo-esquelética ( Alterações Posturais, Hérnia de disco, Compressão nervosa, Fibromialgia, Traumas do parto). A mulher que têm DPC pode apresentar mais de uma doença de base. Por outro lado e em muitos casos a causa da DPC pode não ser esclarecida.

A Dor crônica traz consequências nefastas para a condição física, psicológica e comportamental. Seus portadores desenvolvem depressão, deficiências psicomotoras, lembranças e sensações de perda que muitas vezes guardam pouca relação com o quadro doloroso. Tais sintomas costumam ser interpretados como característicos de patologias psiquiátricas. Vários fatores podem influenciar na percepção dolorosa: idade, sexo, cultura, educação e outras variáveis psicológicas como ansiedade, depressão, uso de drogas e álcool, histórico de divórcio, morte na família. É de fundamental importância que a mulher saiba que a sua dor é real, mesmo quando sua etiologia ainda não tenha sido esclarecida.

Tratamento

O tratamento interdisciplinar deve incluir terapia medicamentosa, psicoterapia, técnicas de relaxamento, acupuntura, terapia manual, massagem, aconselhamento sexual e conjugal e Fisioterapia Pélvica especializada.

A Fisioterapia pode através de várias técnicas e recursos específicos, controlar os sintomas, reduzir o uso de analgésicos, prevenir a deterioração das condições físicas e psíquicas e resgatar a integração social e profissional. As mulheres com DPC apresentam comumente desequilíbrio e falta de coordenação do assoalho pélvico, com comprometimento das funções miccionais, fecais e sexuais.

A Fisioterapia pélvica tem como objetivo, aliviar a dor, manter ou ganhar amplitude de movimento, corrigir deformidades posturais, aumentar resistência e força muscular, diminuir espasmos e contraturas musculares e recuperar a funcionalidade do assoalho pélvico.

Os recursos mais utilizados são exercícios pélvicos e perineais, terapia manual, reeducação postural, eletroterapia (uso da corrente elétrica para obter analgesia e estimulação neuromuscular) calor profundo (ultrassom),uso de dilatadores vaginal e anal,equipamento de Biofeedback. A eletroterapia promove analgesia e ativação das fibras musculares hipotônicas ou atróficas, enquanto que a utilização do equipamento de Biofeedback é um excelente facilitador para o treinamento dos músculos do assoalho pélvico uma vez que fornece informações (visual e/ou auditiva) durante a realização do exercício.

Estas intervenções físicas proporcionam alívio da dor, sem nenhum efeito colateral e reduzem a necessidade de uso de medicações.