A sexualidade é definida como um dos pilares da qualidade de vida dos seres humanos. A Disfunção Sexual Feminina (DSF), por sua vez, pode ser definida como sendo uma desordem de desejo, excitação, orgasmo ou dor durante a atividade sexual.
Enquanto a sexualidade feminina é um processo muito complexo, a disfunção sexual é um problema multifatorial, que pode acometer de 20 a 76% das mulheres. A disfunção sexual feminina pode acarretar em casamentos não consumados, infertilidade, conflitos conjugais e insatisfação sexual.

FASES DO CICLO SEXUAL
O corpo da mulher segue um padrão de resposta sexual, que pode ser descrito em quatro estágios:
- Desejo – caracterizado pelo sentimento da mulher em querer iniciar a atividade sexual. Está relacionado com a fantasia que a mulher possui a respeito do sexo.
- Excitação – durante esse estágio, mudanças fisiológicas ocorrem, as quais irão preparar a mulher para o ato sexual. Essas mudanças ocorrem em resposta ao toque e ao próprio processo de querer promover a excitação. É nesse estágio que ocorre a lubrificação vaginal.
- Orgasmo – É o pico do ciclo. Ocorrem contrações rítmicas musculares da musculatura perineal e órgãos reprodutores. Seguido por uma sensação prazerosa e de plenitude.
- Resolução – Os músculos param de contrair, retornando ao seu estágio de repouso. Corresponde à sensação de relaxamento e bem estar.
O distúrbio em uma das etapas da fisiologia sexual – desejo, excitação, orgasmo – pode levar a ocorrência das disfunções sexuais (frigidez, anorgasmia).
Classificação da Disfunção Sexual Feminina (DSF) :
- Desordem de Desejo – ausência / deficiência persistente ou recorrente de fantasias e pensamentos sexuais, podendo chegar a uma situação de aversão sexual.
- Desordem de Excitação – incapacidade de atingir ou manter a excitação sexual suficiente.
- Desordem do Orgasmo – dificuldade, persistente ou recorrente, demora ou ausência de obtenção de orgasmo após excitação e estímulo sexual suficientes.
- Desordens Sexuais Dolorosas – Vaginismo / Dispareunia / Vulvodínia
A desordem de desejo sexual é descrita como o mais frequente dos problemas que envolvem as mulheres, e está muito relacionado ao stress diário, excesso de trabalho, problemas financeiros, etc. Em seguida temos as desordens sexuais dolorosas (dispareunia e vaginismo) e, por fim, falta de orgasmo ou anorgasmia.
Vaginismo
O vaginismo é o espasmo involuntário dos músculos vaginais, fazendo com que a entrada da vagina fique dolorida, impedindo total ou parcialmente sua penetração, impossibilitando o coito ou o exame ginecológico. Os fatores psicossociais estão geralmente ligados a uma educação sexual castradora, punitiva e/ou religiosa e vivências sexuais traumáticas. Anatomicamente a vagina é normal!
Para as mulheres com vaginismo, pode aparecer mais fácil tolerar a disfunção sexual do que ter que lidar com a dificuldade emocional de procurar um tratamento. Mulheres e homens são profundamente afetados pela frustração e dificuldade que o vaginismo traz, o que acarreta num grande impacto na qualidade de vida.
Tratamento Fisioterapêutico
A Fisioterapia pélvica auxilia na autodescoberta da região pélvica, promovendo a conscientização perineal, além da dessensibilização de áreas dolorosas e autocontrole dos músculos do assoalho pélvico. Vários métodos de tratamento foram desenvolvidos para o vaginismo e o que se mostra mais efetivo atualmente é a presença do trabalho multidisciplinar incluindo abordagens física e psicológica.
O objetivo principal do tratamento é a informação para desconstrução de tabus, desenvolvimento da percepção corporal e perineal, dessensibilização gradual do períneo e alívio da dor.
Vários recursos podem ser utilizados no processo de conscientização perineal. Os mais utilizados pela Fisioterapia são: exercícios respiratórios, posturais, alongamento muscular, exercícios específicos para o assoalho pélvico, massagem perineal, Eletroterapia, fotobiomodulação e dilatadores vaginais.
O tratamento requer uma avaliação ampla que inclua uma equipe multidisciplinar (Ginecologista, Psicólogo, Fisioterapeuta) relacionado aos fatores em questão.
Lembre-se: O vaginismo tem tratamento!
Procure um fisioterapeuta especializado.